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Aos 14, filha de Bombom e Dudu Nobre malha pesado demais até para adultos

Bombom posta imagem da filha, Olívia Soares, no hospital - Reprodução/Instagram
Bombom posta imagem da filha, Olívia Soares, no hospital Imagem: Reprodução/Instagram

Thamires Andrade

Do UOL

10/03/2017 16h43

Olívia Soares, filha de Adriana Bombom e Dudu Nobre, desmaiou e teve falta de ar após um dia de treinamento intenso. A jovem, além de fazer jiu-jitsu e crossfit, virou atleta da marinha e passou a treinar levantamento de peso recentemente. Ela está internada no hospital Barra D´or, no Rio de Janeiro, e a suspeita dos médicos é uma arritmia cardíaca. De acordo com os especialistas ouvidos pelo UOL, a carga de exercício executada pela garota é muito intensa --até para um adulto-- e pode ser prejudicial para a saúde.

Para José Kawazoe Lazzoli, cardiologista especialista em medicina do esporte e membro da diretoria da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), o exercício físico é um meio de promoção para a saúde fantástico, no entanto, a "dosagem" precisa ser correta, assim como um remédio.

"Se um paciente tem pressão alta e o médico recomenda uma dosagem de medicamento superior ao necessário, ele sofrerá com efeitos colaterais e é o mesmo que acontece com a atividade física", explica.

E o problema da intensidade nem é só relacionado à idade da menina, essa quantidade de atividade também faria mal para um adulto. "Até por que, nessa faixa etária, a cartilagem já está fechada. O problema é o over training, o excesso de atividade e de sobrecarga, que podem provocar lesões muscaleres e esqueléticas, tendinites, lesões nos tendões e desgaste da cartilagem", explica Moises Cohen, chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unifesp e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte.

Cohen explica que, à medida que a sobrecarga é muito grande, as fibras musculares liberam uma enzima chamada creatinofosfoquinase (CPK) que, em excesso, pode trazer distúrbios renais para o organismo.

Musculação, pode?

Lazzoli tem muitas críticas com relação ao crossfit por conta do grande índice de lesões e ao levantamento de peso na faixa etária da garota. “O levantamento de peso exige uma técnica, consciência corporal e coordenação motora que, dificilmente, uma jovem de 14 anos terá. E a postura errada poderá provocar lesões também”, fala.

O membro da diretoria da SBMEE deixa claro que os adolescentes estão liberados para praticar exercícios de fortalecimento muscular, como a musculação, mas é preciso ter cuidados.

Dentre eles, a carga e a execução dos movimentos. “O ideal é realizar exercícios com pouca carga e mais repetições e, também, ter um profissional para supervisionar a execução dos exercícios, pois o risco de lesionar é grande”, afirma.

E o que pode ter acontecido com Olívia?

Segundo Lazzoli, geralmente as pessoas passam mal durante ou após a prática de exercício físico pela queda de pressão [hipotensão] ou queda da glicose no sangue [hipoglicemia]. "Aí a pessoa tem aquela sensação de desmaio ou quase desmaio, em que a vista escure. Ambos os casos podem ser evitados quando há uma boa coordenação entre o nutricionista e o profissional de Educação Física. Sem combustível, o carro não roda", fala.

Ainda que o diagnóstico de Olívia não tenha sido fechado, Lazzoli afirma que algumas arritmias são inofensivas, enquanto outras impossibilitam a prática de atividade física. "Por isso a importância de fazer uma avaliação médica antes de iniciar a prática de qualquer atividade", diz.