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Brasil precisa de grande trabalho de adaptação, diz Ministério do Meio Ambiente

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde, em Cancún

29/11/2010 07h00

Eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos, como grandes tempestades, podem ser atribuídos ao aquecimento global. E é preciso estar preparado para não sofrer suas consequências como desmoronamento de terras, enchentes e destruição de casas.

“Estamos começando com ações importantes no Brasil. Temos um grande trabalho a ser feito em adaptação no país”, diz Branca Bastos Americano, secretária de mudanças climáticas e qualidade ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

O Fundo Nacional de Mudanças Climáticas prevê investimentos mais pesados de adaptação para o próximo ano. As ações são, sobretudo, aplicadas nas regiões semi-áridas do nordeste, zonas litorâneas e de baixadas e grandes cidades.

“Cinco planos setoriais estão sendo delineados no plano nacional de adaptação. Precisamos de estudos de vulnerabilidade nestas áreas para começar a pensar no que deve ser feito e, então, incluir isto no planejamento das cidades”.

O meteorologista Carlos Nobre, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas aeroespaciais) e membro do IPCC, explica que no Brasil as chuvas devem ficam mais intensas no verão e a estiagem deve dominar o inverno. “O clima fica mais sazonal. Quem mora na periferia das grandes cidades já sofre com o deslizamento de encostas e outros desastres naturais no período de chuva. Já o semi-árido do nordeste teria ainda menos água”.

Segundo a secretária, não podemos atribuir ao aquecimento global cada evento isolado que vimos ocorrer no Brasil nos últimos anos (com enchentes em grandes cidades do nordeste ao sul, desabamentos e desmoronamento de terra que destruíram cidades). “Os eventos extremos estão mais frequentes e intensos por que a grande concentração de gases do efeito estufa na atmosfera aumenta a probabilidade de que eles ocorram”.

Assim, Branca conclui que enfrentamos uma desordem no clima que vem também com o aumento no nível do mar, e é preciso planejar o que se fazer antes que a situação se agrave.