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Cientistas descobrem forma de descontaminar órgãos que serão transplantados

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Imagem: iStock

23/03/2019 13h38

Cientistas da USP e da Universidade de Toronto descobriram uma forma de descontaminar órgãos que serão transplantados, graças a um método que emprega radiação ultravioleta e luz vermelham evitando assim a transmissão de doenças.

O coordenador do grupo de pesquisadores, Vanderlei Bagnato, diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), explicou à Agência Efe que a terapia biofotônica elimina vírus e bactérias e deve reduzir as complicações que surgem após o procedimento cirúrgico.

"Atualmente, não existe a descontaminação de órgãos para transplantes. O que se faz, é apenas a retirada do sangue, mas, os microorganismos seguem vidos. Ou se descarta o órgão ou, se não há outra alternativa para evitar a morte, se coloca o contaminado", disse.

A pesquisa foi iniciada em 2015, em parceria com a Universidade de Toronto, no Canadá, país que mantém o maior programa de transplantes do mundo. Os cientistas no exterior ficaram responsáveis pela parte clínica do projeto, enquanto, no Brasil, foi desenvolvida a técnica.

O procedimento consiste, em primeiro lugar, na retirada do sangue do órgão a ser transplantado, através de um tubo externo conectado com vasos sanguíneos, que é substituído por um líquido que o mantém funcionando.

Este líquido é exposto a raios ultravioleta, que destroem as membranas celulares dos microorganismos e seu DNA.

"Os raios ultravioletas são aplicados fora do órgão, para não matar as suas próprias células, mas, sim, os vírus e bactérias captados pelo líquido", explicou Bagnato.

Por outro lado, como complemento, são inseridas substâncias sensíveis à luz visível e a infravermelha, que são capazes de selecionar os vírus e bactérias.

Posteriormente, são aplicadas estas frequências de luz no órgão, que estimulam as substâncias a enferrujar os microorganismos e provocar danos em vírus como o da hepatite e o da aids.

De acordo com Bagnato, o líquido é aproveitado mais de uma vez, porque ainda é muito caro, custando US$ 1,5 mil (R$ 5,8 mil) por cada litro. Segundo Marcelo Cypel, responsável pelo projeto no Canadá, os resultados vêm sendo bem-sucedidos.

"Já fizemos dez testes com pacientes, dos quais em dois a presença de vírus foi eliminada; e em oito foi reduzida significativamente", avaliou Cypel.

Bagnato, por sua vez, garantiu que as bactérias são "completamente extintas" a partir do processo.

No Canadá, já há uma patente registrada e companhias interessadas em fabricar o equipamento da técnica. No Brasil, a meta é testar o programa com rins e fígados, os dois órgãos mais transplantados no país.

Os pesquisadores acreditam que, no futuro, poderá melhorado o aproveitamento dos órgãos, reduzindo custos e o tempo de espera. Além disso, a expectativa é poder ampliar o processo para outros transplantes, como de coração ou pâncreas.

"Hoje, se faz transplante de tudo, de útero, de face, mas é muito custoso. Um transplante de pulmão, por exemplo, custa cerca de US$ 160 mil (R$ 620 mil). No Brasil, são feitos algumas dezenas, anualmente, mas, quantas pessoas necessitam de um?", indagou Bagnato.

Outro avanço que o pesquisador da USP projeta para o futuro é a descontaminação de órgãos em pessoas vivas, o que poderia, efetivamente, ser a cura para diversas doenças.

Em 2018, eram necessários 20 mil transplantes no Brasil, somando órgãos vitais como rins, corações, fígados e pulmões, mas, foram realizados somente 8.500. A fila para cirurgias é de mais de 30 mil pessoas, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes.

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