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Vacina da Glaxo pode retardar propagação de superbactéria

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Imagem: juststock/Istock

James Paton

16/11/2018 14h49

A Nova Zelândia conseguiu debelar uma doença infecciosa letal entre as crianças com a ajuda de um novo tipo de vacina. Uma década depois, cientistas do país do Pacífico Sul descobriram que a vacina pode ser crucial para combater uma antiga infecção sexualmente transmissível que está retornando: a gonorreia.

A descoberta reforça o otimismo com a possibilidade de a doença de rápida propagação ser retardada com uma vacina já existente no mercado, usada para prevenir seu primo bacteriano -- uma cepa do chamado meningococo, conhecido por causar epidemias de meningite potencialmente mortais em alojamentos universitários, como as que ocorreram recentemente em campi de San Diego e Massachusetts, nos EUA. A gonorreia não é letal, mas está prestes a se tornar incontrolável devido à resistência aos antibióticos.

Os médicos também estão relatando que algumas cepas de gonorreia estão se comportando como infecções relacionadas que persistem na garganta, por onde os germes podem se espalhar clandestinamente por meio do beijo. Com isso, torna-se maior a urgência de encontrar novas formas de acabar com o flagelo, que elevou seu domínio partindo de grupos minoritários, incluindo homens gays, para a comunidade em geral.

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O número de casos aumentou 19 por cento nos EUA no ano passado e tendências semelhantes foram observadas em todo o mundo. Não existe imunização contra a gonorreia, mas estudos mostram que uma vacina licenciada produzida pela GlaxoSmithKline pode oferecer proteção pelo menos parcial.

"Não há nada próximo do desenvolvimento de drogas novas ou algo do tipo", disse Helen Petousis-Harris, vacinologista da Universidade de Auckland, que trabalhou com colegas para mostrar pela primeira vez que uma vacina contra meningococo B customizada estava associada à proteção contra a doença sexualmente transmissível (DST). "Isso abriu todo um programa de trabalho que precisa ser feito, com muitas perguntas a serem respondidas."

A vacina que a Nova Zelândia usou para imunizar 1,1 milhão de pessoas de 6 meses a 20 anos de 2004 a 2006 era diferente das vacinas normais contra meningococo. Foi pensada para estimular anticorpos contra uma característica adicional comum de ambos os germes chamada vesículas da membrana externa. Os cientistas especulam que podem ser uma importante fonte de proteção cruzada.

Ninguém sabe ainda como essa proteção cruzada pode funcionar, nem por quanto tempo. As respostas a essas perguntas são fundamentais para determinar se as vacinas voltadas a essas vesículas da membrana externa, como a Bexsero, da Glaxo, podem ajudar a mitigar a disseminação da gonorreia.

"A questão, basicamente, é desvendar o mistério, descobrir de que se trata", disse Petousis-Harris, por telefone, de Auckland.

O trabalho dela na revista médica Lancet, no ano passado, estimou que a vacinação contra meningococo B resultou em 31 por cento de eficácia contra a gonorreia. O resultado reforçou o interesse no campo, segundo pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e da Uniformed Services University, em Maryland, nos EUA.

"A Bexsero pode não ser a resposta exata, mas estamos no ponto mais próximo em muito tempo de uma resposta para uma vacina contra a gonorreia", disse Leah Vincent, cientista do instituto, em entrevista por telefone.

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