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Os negócios criados pelo wellness, nova moda que agita o mercado da alimentação

Elizabeth Hotson

01/03/2018 10h11

A indústria da perda de peso tem uma nova estrela: o "wellness". Uma busca do termo, que significa "bem-estar" em português, no Instagram revela um número impressionante de 15.315.754 posts.

O mercado do wellness está explodindo, mas há alguma ciência por trás dele? A verdade é que conceito inclui uma variedade de coisas, desde comer mais legumes e verduras até, no outro extremo, excluir certos grupos de alimentos e adotar um estilo de vida completamente diferente.

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Muitas pessoas na indústria não gostam de reduzir wellness a uma dieta, mas Louise Foxcroft, uma historiadora e escritora do livro Uma História da Dieta de Mais de 2000 anos, discorda.

"Há diversas dietas para o público em geral, e o wellness é mais uma maneira holística de encarar um estilo de vida saudável. Quer eles digam que isso é uma dieta ou não, é uma dieta sim. É um regime para se viver e a ideia é que você seja magro, porque ser saudável é visto como ser magro, então não há como fugir disso."

Há uma indústria em expansão vendendo itens que teriam, segundo seus produtores, muitos benefícios para a saúde - Alamy - Alamy
Há uma indústria em expansão vendendo itens que teriam, segundo seus produtores, muitos benefícios para a saúde
Imagem: Alamy

Oportunidades de negócios

Não faltam empresas desenvolvendo produtos para atender à moda.

Rebekah Hall, fundadora e CEO da empresa de bebidas Botanic Lab, trabalhou no setor bancário por dez anos antes de lançar sua própria empresa para capitalizar no então novo mercado.

O Refuel, por exemplo, é um produto da empresa que consiste em um líquido preto que, de acordo com o rótulo, "é uma mistura hipertônica com doses medicinais de carvão, um pouco de erva bruta da cana-de-açúcar e um toque cítrico de yuzu cru".

Será que as pessoas estão consumindo bebidas como essas porque parece uma maneira mais fácil de ser saudável do que sair de casa e fazer exercícios?

"Todo mundo quer uma solução rápida. E se você pode dar a alguém algo que deixe de lado o trabalho e a confusão, isso é ótimo, e é parte do que fazemos", diz Hall. "Mas as bebidas também têm uma função real, são usadas por vários times de esportes no Reino Unido, como equipes de futebol da Premier Ligue que querem ajudar a energizar o corpo (dos atletas) depois do exercício, mas não necessariamente querem açúcar refinado e ingredientes processados."

Mas o que acontecerá quando as pessoas se cansarem do wellness e começarem a seguir novas modas de saúde e fitness?

"Há modas dentro do wellness", diz Hall. "Há um novo superalimento toda semana, mas eu acho que wellness, como um termo guarda-chuva, não irá embora. As pessoas querem longevidade, 'qual é o elixir da vida, como eu consigo viver mais tempo?', e a busca disso está dirigindo as escolhas que fazemos em termos de estilo de vida, bebida e comida."

Um mercado diverso

Em uma visita à Stylish Live, uma mostra de estilo de vida em Londres com 200 bancas, dezenas de palestrantes e cerca de 20 mil visitantes, mostra a impressionante variedade de escolhas para pessoas interessadas em produtos da onda wellness.

Uma das participantes, a LA Brewery, fundada por Louise Avery, produz a bebida kombucha, que rapidamente está se tornando uma favorita nos círculos wellness.

"A kombucha originalmente era bebida há 2000 anos na China, era uma tônica saudável. E eu desenvolvi uma kombucha que vendo como se fosse um refrigerante", diz ela. "No processo de fermentação temos que usar apenas ingredientes muito simples, como chá, açúcar, que é fermentado no processo, e eu então acrescento frutas frescas. No fim você tem essa bebida amarga, deliciosa e gasosa que é saudável, não há nada (ruim) ali, faz bem para você."

Pesquisa apontou que mais da metade dos britânicos comprou algum produto que excluía algum elemento, como glúten ou leite, no 1º trimestre de 2017 - Alamy - Alamy
Pesquisa apontou que mais da metade dos britânicos comprou algum produto que excluía algum elemento, como glúten ou leite, no 1º trimestre de 2017
Imagem: Alamy

Outras empresas alcançam o sucesso ao excluir certos ingredientes dos seus produtos.

Jamie Keeble trabalha para a Heck Sausages, que vende frango e linguiças de porco sem glúten. Muitos dos seus clientes são celíacos, ou seja, sofrem de uma doença autoimune causada por uma reação ao glúten, mas outros, como o próprio Keeble, apenas escolheu cortá-la da dieta.

"Eu não sou intolerante ao glúten, mas prefiro não ingeri-lo porque faz me sentir um pouco diferente. Todo mundo tem essa ideia de que o glúten é maligno, então naturalmente acha que é algo que deve ser evitado", diz ele.

'Clean eating'

wellness também é frequentemente associado a outro termo da moda, o clean eating (alimentação limpa), ideia de que você deve consumir alimentos que são minimamente processados.

O que parece muito sensato - até que se torna obsessivo.

Esse conceito e sua associação com a saúde tem seus críticos. A escritora e artista Daniella Isaacs tem feito uma apresentação polêmica em Londres, chamada "Hear me Raw", sobre sua experiência com o regime do clean eating.

Issacs foi uma grande fã dessa moda e foi atraída a ela porque deu "controle, estrutura e rotina" à sua vida, o que a levou a cortar glúten, leite, açúcar e carne de sua dieta.

Mas ela acabou mudando de rumo, e hoje escreve sobre suas experiências. "É claro que há coisas maravilhosas no wellness. Mas quando ele se torna uma indústria dirigida pelo consumismo, não consegue nos dar as respostas que procuramos, as que verdadeiramente dão a você uma vida saudável."

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