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Novo tratamento para tuberculose multirresistente surpreende médicos

KatarzynaBialasiewicz/IStock
Imagem: KatarzynaBialasiewicz/IStock

22/10/2018 16h12

Um novo tratamento para a tuberculose resistente a antibióticos alcançou uma taxa de sucesso de 90%, de acordo com os resultados de testes clínicos consultados pela AFP (Agence France-Presse) nesta segunda-feira (22), que podem ser cruciais na luta contra essa doença mortal.

Uma equipe de médicos de Belarus (um dos países com a maior taxa de tuberculose multirresistente) vem tratando pacientes por vários meses com este novo tratamento, a bedaquilina, combinada a outros antibióticos.

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Os resultados são edificantes: dos 181 pacientes, 168 estão completamente curados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 55% das pessoas com tuberculose multirresistente podem ser curadas.

A taxa de sucesso do estudo bielorrusso (93%) foi replicada em outros ensaios clínicos com bedaquilina no Leste Europeu, África e Sudeste Asiático, de acordo com as conclusões deste estudo consultado pela AFP e que deve ser apresentado esta semana em uma cúpula sobre tuberculose.

"Os resultados deste estudo confirmam (...) que novos tratamentos como a bedaquilina podem curar e são uma ótima novidade para aqueles que vivem com tuberculose multirresistente ou muito resistentes ao tratamento com antibióticos", comentou com a AFP a médica Paula I Fujiwara, diretora científica da União Internacional Contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares (UICTMR), que não participou do estudo.

A tuberculose, doença transmitida por via aérea, matou 1,7 milhão de pessoas em 2017, de acordo com a OMS, tornando-a a doença mortal mais transmissível do mundo.

- 117 países -Um estudo publicado na revista médica The Lancet em 2017 estimou que, em 2040, 12,4% dos casos de tuberculose devem ter sido causados por cepas resistentes aos antibióticos.

Segundo a OMS, cepas de tuberculose multirresistente foram relatadas em pelo menos 117 países.

A tuberculose é causada por uma bactéria que afeta mais comumente os pulmões, mas também os rins, gânglios e ossos.

A infecção pode permanecer em silêncio por anos antes de a pessoa afetada adoecer. Altamente contagiosa, é favorecida pela desnutrição, idade (menores de cinco anos e idosos), ou ainda pelo HIV.

Ao contrário de muitos antibióticos, a bedaquilina não ataca diretamente as bactérias, mas tem como alvo as enzimas com as quais elas se alimentam.

"No geral, nosso estudo confirma a eficácia demonstrada pela bedaquilina em estudos anteriores e invalida as preocupações sobre os perigos dos efeitos colaterais", disse a pesquisadora Alena Skrahina, que liderou o estudo bielorrusso. 

Se todos os pacientes do estudo sofreram efeitos colaterais, eles foram menos graves do que o esperado.

Na Assembleia Geral da ONU no final de setembro, os líderes mundiais prometeram acabar com a pandemia de tuberculose até 2030, elevando a 13 bilhões de dólares as necessidades anuais para atingir essa meta.

"Precisamos urgentemente de tratamentos acessíveis, como a bedaquilina, se realmente quisermos curar as 600 mil pessoas com tuberculose multirresistente a cada ano e evitar quase um quarto de milhão de mortes", estimou Fujiwara.

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