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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Dorme mal? Saiba como a falta de sono prejudica seu organismo

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Imagem: Istock

Colaboração para o UOL VivaBem

13/03/2019 04h00

Dor de cabeça, bocejos, cansaço excessivo e mau humor. Todos esses sintomas podem aparecer depois da falta de sono durante a noite. E se engana quem pensa que dormir bem é luxo e tarefa impossível. Além de problemas de memória e cansaço mental, se não tratadas de forma eficiente, as noites mal dormidas podem provocar doenças graves como diabetes, problemas cardiovasculares e até prejudicar o controle do movimento do corpo.

E há uma má notícia nisso tudo: o Brasil está entre os países que menos dormem no planeta, sendo o campeão absoluto entre os ocidentais. De acordo com um levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 76% dos brasileiros têm pelo menos uma queixa relacionada à qualidade do sono. Por isso se você ainda está deixando para trás os momentos ao lado do travesseiro, abaixo mostramos as consequências de falta de sono:

  • Dificuldades no sexo

    Quem dorme pouco ou tem sono de baixa qualidade apresenta baixa da libido e piora na qualidade das relações sexuais, porque há uma alteração negativa na liberação dos hormônios que comandam o desejo sexual, como a testosterona e o estrógeno. Além disso, a ausência de sono gera uma liberação alta de cortisol, responsável pela resposta ao estresse. Com isso, há um estado maior de alerta, o que corta o clima.

  • Reações mais demoradas

    Com a atenção e a velocidade de processamento de informações mais lenta por causa do cansaço, você perde o que os especialistas chamam de "flexibilidade cognitiva", a capacidade de mudar o pensamento com base em novas informações. Isso é fácil de ser observado quando se compara o tempo de reação de sujeitos que dormem bem ou mal em tarefas de computador que de repente exigem uma mudança de padrão. Essa demora pode ter consequências graves para equipes de saúde, motoristas ou operadores do mercado de ações, o que também já foi verificado pela ciência. Com base nessas pesquisas, o National Sleep Foundation (Fundação Nacional do Sono, nos EUA) alerta: depois de 17 horas sem dormir, uma pessoa tem prejuízos na atenção equivalentes a quem toma duas taças de vinho. Após 24 horas, o efeito é similar ao de quatro taças.

  • Problemas no cérebro

    Sabe aquela sensação de que você não consegue lembrar de tudo de maneira clara e concisa? Lapsos de memória são frequentes quando não dormimos direito. Isso também inclui o aprendizado e raciocínio. A privação do sono faz com que certas substâncias relacionadas ao bem-estar deixem de ser produzidas. Por isso o mau humor. Além disso, noites de insônia seguidas podem favorecer danos em células nervosas, favorecendo o aparecimento de doenças como demência e Alzheimer.

  • Risco aumentado de doenças do coração

    Se você vira de um lado para o outro à noite, faz com que a pressão arterial se eleve, quase que para compensar a tendência natural de o ritmo cardíaco diminuir, o que aconteceria se você dormisse. E o pior: ele costuma permanecer nas alturas depois, durante o dia. Uma pesquisa publicada no Journal of American College of Cardiology relacionou dormir menos de 6 horas com maior risco de aterosclerose, o acúmulo de placas de gordura nas artérias do corpo. Isso pode facilitar não só o surgimento de um infarto, mas de problemas circulatórios no corpo todo.

  • Maior ganho de peso

    Ganhar uns quilinhos a mais também está associado com as noites mal dormidas. Ocorre um desequilíbrio nos hormônios que controlam o apetite, provocando a queda da produção da substância que gera a saciedade e aumentando a outra, que dispara a fome. Além disso, o cortisol (hormônio do estresse) aumenta no organismo, fazendo com que o corpo reserve energia em formato de gordura abdominal.

  • Mais brigas com os parceiros

    Quando as pessoas ficam mais sensíveis, elas tendem a brigar mais, inclusive com seus entes queridos. E se discutir com o parceiro já é algo que acaba com o bem-estar, sem ter dormido direito as consequências podem ser mais graves. Cientistas da Universidade Estadual de Ohio levaram 43 casais para o laboratório e, depois de responder a perguntas sobre hábitos de sono e dizer o quanto tinham dormido na noite anterior, eram estimulados a discutir algum assunto que já tivesse causado conflitos. Os participantes tiveram amostras de sangue coletadas antes e depois do experimento. Cerca de metade dos participantes tinha descansado menos do que sete horas. Eles não só se exaltaram mais com o parceiro, como também apresentaram uma resposta inflamatória mais acentuada.

  • Saúde mental em risco

    A relação entre sono e saúde mental é íntima. Quem sofre de ansiedade, depressão, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade ou de estresse pós-traumático, entre outros, tende a ter problemas para dormir. O sono insuficiente, por sua vez, tende a agravar os sintomas desses transtornos, e pode até deflagrar crises de mania e psicose. Há evidências de que a faxina produzida pelo sono REM ainda seria um fator de proteção contra demências.

  • Atenção em falta

    Estudos em adultos e adolescentes mostram claramente que a falta de sono prejudica a concentração e a capacidade de manter o foco em algo por mais tempo. Muitos especialistas inclusive têm advertido que os efeitos da privação crônica de sono se assemelham aos sintomas do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Em muitos pacientes, ambos coexistem. De acordo com a neurocientista Leonie Kirszenblat, da Universidade de Queensland, na Austrália, sono e atenção seriam dois lados da mesma moeda, como o Yin e o Yang para a filosofia chinesa. Ela concluiu, depois de estudar diferentes animais, que quanto mais complexas as tarefas executadas por um ser vivo, maior sua necessidade de sono. É bom que os cirurgiões durmam o bastante.

  • Maior risco de ter dor crônica

    Diversos estudos já relacionaram as dores crônicas com sono ruim, seja em quem tem dificuldades para iniciar ou manter o sono, quem acorda durante a noite ou sente que o sono não foi restaurador. Esses quatro parâmetros foram usados em um estudo de 20 anos para prever o surgimento de Dor Crônica Generalizada em cinco anos.