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Como vencer o pecado da procrastinação? Veja seis dicas

Denis Freitas/VivaBem
Imagem: Denis Freitas/VivaBem

Colaboração para o VivaBem

17/09/2018 17h14

Atire a primeira pedra quem não procrastina de vez e quando. Motivos para deixar uma tarefa mais chata para depois ou levantar da cama no último minuto nunca faltam, mas, por melhor que seja a justificativa, é difícil vencer a culpa que se segue ao pecado ou suas consequências, mais tarde: você passa nervoso porque está atrasado e os resultados do trabalho feito na última hora ficam aquém da sua capacidade.

De acordo com o psicólogo Joseph Ferrari, norte-americano que é um dos maiores pesquisadores do tema, todo mundo enrola para fazer algo importante de vez em quando. Mas seus estudos mostraram que cerca de 20% das pessoas são procrastinadores crônicos, ou seja, tendem a adiar tudo ao máximo, tanto na vida profissional quanto na pessoal.

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Um grande estudo com gêmeos feito por cientistas da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, sugere que existe uma tendência genética para essa característica. Os resultados, publicados no periódico Psychological Science, indicaram, ainda, que a mania de deixar tudo para amanhã seria um subproduto evolutivo da impulsividade, a tendência a agir sem planejar. É que quem cede às tentações instantâneas acaba comprometendo metas de longo prazo. Porém, ambos os traços dependem de fatores ambientais para vigorar, como a educação recebida na infância.

Especialistas acreditam que as origens da procrastinação tenham a ver com o passado de caçador-coletor do ser humano. Por muito tempo, o dia a dia das pessoas era resolver as necessidades básicas, como comer ou procriar. É assim, até hoje, com a maioria dos animais --se você der um bife para um cachorro ele não vai guardar um pedaço para o jantar. Planejar o futuro, ou plantar agora para colher os frutos depois, foi algo mais recente na história da humanidade.

“Tendemos ao que traz satisfação imediata, em vez de esperar para ter um prazer maior depois”, diz o master coach Marcelo Policarpo, consultor da Sociedade Brasileira de Coaching. Veja, aqui, algumas técnicas e conselhos que podem ajudar:

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    Queira fazer o que você faz

    A neuropsicóloga alemã Friederike Fabritius, coautora do livro "O Cérebro Líder: poderosas estratégias baseadas na ciência para alcançar a performance máxima" (sem tradução no Brasil), lembra que o ingrediente básico para ter bom desempenho e não querer procrastinar é fazer o que se gosta. "A diversão está ligada ao neurotransmissor dopamina, que ajuda a manter a motivação", explica. Infelizmente, nem todo mundo pode ter a profissão que deseja, ou fazer só o que dá prazer. Se é o seu caso, a diversão deve estar agendada para depois do trabalho. Sem algum tipo de recompensa, durante ou depois, fica difícil seguir em frente.

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    Programe as recompensas

    Um dos métodos mais consagrados para vencer a procrastinação é conhecido como "pomodoro", e foi difundido nos anos de 1990 pelo italiano Francesco Cirillo. Ele utilizava um timer de cozinheiro, em forma de tomate, para cronometrar o tempo, mas você pode utilizar o celular ou o relógio do computador --existem até alguns apps inspirados no método com contabilizam esses períodod para você. Marque um período de trabalho ininterrupto (por exemplo 25 minutos) e, quando o alarme tocar, faça uma pausa rápida para um café ou para relaxar. Marque cada período conquistado com um sinal de "checado" no papel. Depois de quatro ciclos, por exemplo, você tem direito a meia hora de folga para fazer algo prazeroso, como navegar na internet. Claro que você pode adaptar a regra às suas necessidades, mas o importante é que tenha prazos e recompensas para manter a motivação (e a dopamina) em alta.

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    Marque reuniões só para você

    Ainda que você faça algo de que gosta, interrupções são frequentes e podem tirar o foco. Nesse ponto, se a tecnologia é uma mão na roda para resolver alguma emergência ou encontrar informações rápido, ela também é um convite à procrastinação. Friederike Fabritius comenta que ninguém em sã consciência ousaria interromper uma reunião com o chefe ou um cliente importante, mas interrompemos nossas tarefas o tempo todo quando estamos sozinhos ou com alguém mais íntimo por perto. "Agende uma 'reunião de uma pessoa só', ou seja, reserve um horário do dia em que você não possa ser interrompido", recomenda a neuropsicóloga. Vale a pena explicar para sua família e amigos que você vai fazer isso, assim eles não ficarão chateados ou preocupados se você demorar para responder a uma mensagem de texto.

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    Escreva por que você deve fazer

    O psicólogo Cristiano Nabuco, autor de "Psicologia do Cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje" (Ed. Artmed) e blogueiro do UOL, explica que nosso cérebro mais racional, que planeja e toma decisões, fica numa parte do cérebro chamada córtex pré-frontal. Já o emocional e instintivo, associado ao sistema límbico, fica em outra, na amígdala. Assim, para vencer o "diabinho" que nos tenta o tempo todo, "é preciso colocar essas duas áreas para conversar". Em outras palavras, nomear as emoções que o impedem de fazer o que precisa ser feito e listar as razões pelas quais você não deve deixar a tarefa para a última hora são bons exercícios. "Quando seu cérebro racional escreve para o emocional e vice-versa, você aumenta a força dos dois", sugere.

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    Divida em partes e defina prazos

    O professor de psicologia Dan Ariely, da Universidade de Duke, e autor do livro "Previsivelmente irracional" (Ed. Publifolha), realizou um experimento com o colega Klaus Wertenbrock. Ele dividiu estudantes em três grupos: o primeiro tinha que entregar três textos juntos no fim de três semanas. O segundo podia determinar seus próprios prazos para entregar cada um dos textos, e o terceiro recebeu datas para cada dever (e punições para atrasos). Claro que quem deixou tudo para a última hora (porque tinha, a princípio, muito tempo) foi quem teve o pior desempenho. Os melhores resultados foram dos alunos que tiveram datas impostas por outra pessoa. Infelizmente, nem todas as ações que adoramos adiar envolvem chefes ou professores. Nesse caso, se você não puder contar com coach, terapeuta ou amigos dedicados, terá que definir, você mesmo, seus objetivos e tempos.

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    Tudo tem um lado positivo

    "Em geral, a procrastinação é sintoma, não causa; é reflexo da falta de motivação", comenta o master coach Marcelo Policarpo. Por isso, além das dicas acima, ele lembra que tentar ser sempre positivo também ajuda, por mais que você seja resistente a esse tipo de discurso. "Tenha clareza dos seus objetivos e veja tudo como aprendizado necessário", sugere. Ele cita o exemplo da pessoa que começa a trabalhar em vendas e reclama por ter de fazer o chamado "coldcalling" (tentar vender produtos para desconhecidos por telefone). É um trabalho chato, sem dúvida, mas que tem sua importância. "Pense em como isso traz competências, como a de conversar com alguém que você não conhece", pondera. Outra observação dele é tomar cuidado com o perfeccionismo, outro inimigo frequente dos prazos cumpridos. É muito melhor ter um projeto qualquer executado do que uma ideia incrível que não sai nunca do papel.

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