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5 erros na busca pela felicidade, segundo a ciência

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colaboração para o VivaBem, em São Paulo

02/12/2017 04h00

Se para a maioria de nós ser feliz significa estar sempre bem, fazer tudo o que gostamos e ter apenas emoções positivas, para a ciência não é bem assim. Estudiosos mostram que a forma como buscamos a felicidade pode estar errada. Você sabia que sentir raiva pode nos fazer bem e tentar ser feliz o tempo todo é ruim?

A seguir, os cinco equívocos na busca pela felicidade segundo a ciência:

  • Sentir raiva e ódio te faz mais feliz

    Nós aprendemos que ter sensações boas favorece uma vida feliz, certo? No entanto, para a ciência, experimentar sentimentos negativos também é positivo. Um estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém feito com 2.324 participantes de oito países descobriu que quanto mais as pessoas sentem as emoções que desejam, mais felizes elas ficam, independente se elas são positivas ou negativas. Segundo Amauri Gouveia Jr, neurocientista e professor do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da UFPa (Universidade Federal do Par?), a atribuição de bom ou mau aos sentimentos é uma questão cultural. "Sentir o que se espera conforme o que foi aprendido numa cultura é responder de forma adequada a um contexto, quando fazemos isso somos mais verdadeiros. Peguemos o exemplo uma pessoa que ajudou uma mulher a se defender de um marido violento. Naquela situação, ela sentiu raiva e ódio do agressor, gerando nela um desconforto, mas, por considerar sua atitude correta, teve uma grande satisfação e felicidade ao ajudar a vítima, ou seja, sentiu algo ruim, mas o resultado foi bom", explica.

  • Nada de ser feliz o tempo todo! Felicidade em excesso pode ser prejudicial

    Você acredita que deve ser feliz o tempo todo? Se sua resposta for sim, chegou a hora de mudar de opinião. Publicada na revista "Perspectives on Psychological Science", uma revisão científica sobre o tema sugere que a busca excessiva pela felicidade pode ter impactos negativos. Intitulado de "O lado escuro da felicidade - Como, quando e por que a felicidade nem sempre é boa", o artigo compara a felicidade à comida. Embora comer seja bom para a saúde, às vezes pode ser prejudicial, como nos casos de obesidade. A mesma lógica vale para a felicidade que, quando experimentada de forma moderada, é benéfica, mas quando buscada em excesso, pode trazer males. Outro exemplo citado no texto é de que níveis muito elevados de sentimentos positivos preveem comportamentos de risco, como o consumo excessivo de álcool e drogas.

  • Fazer mais sexo não nos torna pessoas mais felizes

    Quanto mais sexo você faz, melhor, certo? Até pode ser, mas não necessariamente significa mais felicidade a dois. Pelo menos é o que aponta um estudo da Universidade Carnegie Mellon, que foi feito com 64 casais heterossexuais, casados, com idades entre 35 e 65 anos. Por 90 dias, os cientistas analisaram dois grupos: o primeiro foi instruído a dobrar a frequência de relações sexuais durante a semana; o segundo não recebeu qualquer orientação. Todos foram avaliados para medir o nível de felicidade e o grupo que foi orientado a transar mais não se sentiu mais feliz. Pelo contrário, o aumento na frequência de sexo desestimulou os casais, que relataram menos desejo e prazer sexual.

  • Viver uma experiência traz mais felicidade do que comprar bens materiais

    Comprar uma casa ou investir em algo que fique guardado na memória? Para a ciência, as pessoas mais felizes são aquelas que escolhem viver uma boa experiência a adquirir bens materiais. Pesquisadores da Universidade do Colorado e da Universidade Cornell pediram aos entrevistados, em uma das etapas, descrever as sensações que tiveram com as compras que haviam feito com US$ 100 envolvendo gastos materiais e as que visavam experiências. As respostas levaram à seguinte conclusão: "comprar" experiências, como viagens e shows, traz muito mais felicidade, uma vez que as pessoas gostam de compartilhar o que viveram.

  • O segredo da felicidade está em gastar dinheiro com os outros

    Cientistas descobriram que, ao contrário do que muita gente pensa, as pessoas não são mais felizes gastando com elas próprias. Estudo feito pela Universidade de British Columbia e pela Harvard Business School mostrou que 632 americanos se sentiram mais felizes quando gastaram parte de sua renda mensal presenteando outros e fazendo doações. Em outra etapa, os estudiosos avaliaram 26 funcionários antes e depois deles receberem a participação de lucro da empresa. Os trabalhadores que usaram o bônus para presentear ou fazer caridade se sentiram mais realizados do que os que investiram. Na última fase, 46 estudantes receberam US$ 5 ou US$ 20 e foram orientados a gastar a quantia até o final do dia; uma parte da turma tinha que usar o valor consigo mesmo, e a outra, com o seu próximo. Assim como nas etapas anteriores, o nível de felicidade foi maior naqueles que gastaram com outras pessoas.