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Paulo Chaccur

Fique atento: as doenças cardíacas não afetam só a saúde do seu coração!

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

07/07/2019 04h00

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Você já deve ter lido ou ouvido alguma vez na sua vida que o "corpo humano é uma máquina perfeita". E posso confirmar que realmente é. Mas assim como as máquinas, depende do bom funcionamento de cada uma de suas partes para que continue operando bem. Nosso corpo funciona a partir da atuação de sistemas, que trabalham de maneira coordenada para desempenhar diversas funções.

Por isso, quando um desses sistemas ou parte deles tem algum problema, acaba afetando o desempenho do organismo como um todo. Quando pensamos nas doenças cardíacas, o cenário não é diferente. Um problema no coração pode desencadear consequências em diferentes partes do corpo.

Outro ponto em comum: assim como as máquinas, o corpo também precisa de cuidado e manutenção. E pensando nisso, creio que em grande parte dos casos quem mais afeta essa máquina maravilhosa seja seus operadores, ou seja, nós, que muitas vezes somos negligentes e descuidados com a nossa própria saúde.

Uma bomba potente

O coração é o órgão responsável pela circulação sanguínea para todo o organismo e justamente por isso é considerado uma bomba potente, que consegue, a cada minuto, movimentar cerca de quatro litros de sangue para a circulação pulmonar e sistêmica, simultaneamente.

Um coração pode chegar em 24 horas a 100 mil contrações! Suas quatro válvulas se abrem e fecham de maneira contínua e controlada por um automatismo intrínseco e de acordo com as necessidades do organismo, tanto para o repouso como para o exercício.

Assim, não é difícil imaginar que qualquer alteração ou mau funcionamento dessa bomba acarrete em grandes transtornos a outros órgãos e ao organismo de modo geral. Aqui estamos falando, por exemplo, de arritmias, alterações nas válvulas cardíacas, deficiência da contração da musculatura do coração (como nas cardiomiopatias) e malformações congênitas.

Coágulos pelo corpo

São inúmeras as consequências que problemas no coração podem gerar no corpo. Quando falamos em arritmias cardíacas, podemos mencionar como um exemplo a fibrilação atrial, que ocorre pelo simples fato do órgão perder a força de contração de sua musculatura atrial e diminuir a velocidade da circulação do sangue.

A consequência? A possível formação de pequenos coágulos intracavitários, ou seja, coágulos sanguíneos dentro do coração. Um risco nesses casos é a migração dos coágulos para a circulação e para o cérebro, o que pode desencadear um AVC.

Isso ocorre pela falta de circulação de sangue em uma área do cérebro provocada por obstrução de uma ou mais artérias por embolia - quando um desses coágulos levado pela corrente obstrui a passagem do sangue. Nesse caso, o indivíduo poderá ter como consequência alterações motoras ou cognitivas no corpo.

A obstrução da passagem do sangue pelos coágulos pode ocorrer também em artérias dos braços e pernas, o que chamamos de doença arterial periférica (DAP), além de pulmões ou ainda em algum órgão abdominal, como rim, baço, fígado ou intestino, desencanando uma série de outros problemas em cada um desses órgãos.

Pulmão e rins

Já o mau funcionamento de uma válvula cardíaca, como a válvula mitral, acarretará na disfunção pulmonar, com acúmulo de sangue e líquido, com consequente dificuldade de respiração e falta de ar.

Em casos de doença do músculo do coração, conhecida como cardiomiopatia, é o pulmão que também sofre as alterações. O órgão poderá entrar no processo de disfunção por acúmulo de sangue devido ao mau funcionamento do coração no bombeamento para o organismo. Nesse caso, haverá a diminuição de fluxo sanguíneo principalmente para os rins, alterando a função renal devido ao baixo débito cardíaco.

Fígado e membros inferiores

Outro exemplo que podemos mencionar aqui são de situações de lesão valvar não tão intensa e aguda, mas persistentes em longo prazo, que podem gerar alterações na dinâmica do coração no lado direito, iniciando um quadro de congestão no fígado e, mais tardiamente, aumento de volume dos membros inferiores, principalmente nos tornozelos e pés.

Todo cuidado é pouco

Esses são apenas alguns dos exemplos que podemos mencionar. Por isso, reforço que devemos diariamente nos atentar ao funcionamento e cuidados que nosso corpo precisa, tanto na prevenção, busca por atendimento ao notar alterações e sintomas, como no acompanhamento e tratamento de doenças já diagnosticadas.

As situações que mencionamos, quando diagnosticadas, recebem tratamento específico e podem ser revertidas ou minimizadas. Com cuidado e atenção podemos ter uma vida com mais qualidade e saúde.

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