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Paulo Chaccur

Barulho demais afeta coração; veja este e mais 5 fatores de risco ignorados

Sons altos são apenas um dos fatores de risco comuns ligados à saúde do coração - iStock
Sons altos são apenas um dos fatores de risco comuns ligados à saúde do coração Imagem: iStock

Colunista do UOL

28/04/2019 04h00

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Já temos conhecimento que pressão alta, diabetes, sedentarismo, colesterol alterado e cigarro podem prejudicar o coração e aumentar a chance do aparecimento de doenças cardiovasculares. Mas será que existem outros fatores que estão prejudicando a saúde do seu coração e você ainda não se deu conta?

Com a vida corrida e a rotina agitada que grande parte das pessoas vive atualmente podemos afirmar que sim, há outros elementos que afetam nossa saúde cardiovascular e não damos a devida atenção e importância.

Entramos muitas vezes num modo automático e não tomamos consciência que coisas que fazemos ou situações que vivemos hoje podem prejudicar nosso coração daqui alguns anos. Devemos avaliar ainda fatores externos, que não são de nosso absoluto controle, mas que também interferem e prejudicam a saúde.

Nesse sentido, vale ficar atento aos estudos e pesquisas. A partir deles é que temos a comprovação e orientação para repensar hábitos e cenários em que vivemos em busca de qualidade e uma vida mais saudável.

1. Barulho em excesso

Talvez muitas pessoas nunca tenham feito esta associação, mas poluição sonora faz mal ao coração. Quem mora em uma grande cidade, como São Paulo, sabe bem o que é conviver diariamente com os mais variados barulhos. Trânsito, obras, aviões passando, música alta, latidos... ou tudo isso junto!

Um estudo da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha, revelou que existe uma relação direta entre poluição sonora e riscos cardíacos. Isso porque a exposição ao ruído alto e excessivo constantemente aumenta a produção de cortisol e adrenalina, hormônios associados ao estresse e a ansiedade.

Esses hormônios estimulam o coração a bombear o sangue mais rápido e elevam a pressão arterial. Com o passar do tempo, a consequência pode ser um significativo aumento de tensão nos vasos sanguíneos e no próprio coração, aumentando o risco de inflamações, danos das células e, consequentemente, ataques cardíacos.

2. Ignorar o café da manhã

O despertador toca, você desliga para ficar mais uns minutos na cama e acaba acordando já em cima da hora de sair. Conhece esse enredo? Pois saiba que quando pular o café da manhã vira um hábito na sua rotina, pode trazer consequências para a saúde.

Quem não faz uma refeição equilibrada ou não come nada antes de sair de casa ou começar o dia tem mais riscos de ter problemas no coração. Foi o que concluiu uma pesquisa publicada no Journal of the American College of Cardiology (EUA).

O grande problema aqui na realidade é mais o que essa pessoa ingere quando a fome bate. De modo geral, quem pula o café da manhã acaba optando por alimentos processados, cheios de gordura e açúcares.

O fato é que fazer isso de vez em quando não irá trazer consequências graves para a saúde do seu coração. No entanto, conforme aponta o estudo, deixar de se alimentar de manhã de forma equilibrada rotineiramente dobra os riscos de desenvolver arteriosclerose, ou seja, um aumento da espessura da parede das artérias que, em alguns casos, pode levar ao infarto.

E essa não é a primeira vez que a falta da refeição matinal aparece em um estudo relacionado ao coração. Há pesquisas que associam pular o café da manhã com um aumento da probabilidade de desenvolver uma doença coronária.

3. Assédio moral ou emprego ruim

Viver em situação de assédio moral no ambiente de trabalho é mais um dos fatores que eleva os riscos de problemas cardiovasculares, segundo pesquisa publicada no European Heart Journal. Isso porque esse cenário aumenta os níveis de estresse crônico, de colesterol ruim (LDL), da proteína C reativa e da pressão sanguínea.

O levantamento revelou que quem trabalha em um local no qual o assédio moral de chefes e colegas é constante tem um risco 59% maior de sofrer doenças cardíacas em comparação aos que não foram expostos a nenhum tipo de bullying ou assédio. Já a probabilidade de ter um AVC é 40% mais alta.

Por outro lado, vale reforçar que o excesso de trabalho também faz mal. Outra pesquisa, realizada pela Universidade do Texas, nos EUA, aponta que trabalhar demais pode aumentar os riscos de doenças no coração. De acordo com o estudo, ultrapassar 45 horas semanais trabalhando durante 10 anos, por exemplo, significa 16% mais chances de desenvolver problemas cardíacos.

4. Trabalhar à noite e estudar de manhã, dormir um pouco na parte da tarde

Para começar precisamos considerar que nós, seres humanos, de modo geral não estamos adaptados para trabalhar durante a noite e dormir de dia. Isso não faz parte da nossa natureza.

Quem trabalha à noite tem cerca de 30% mais chances de ter problemas cardíacos. Uma das explicações é a falta ou a má qualidade do sono, uma vez que quem dorme durante o dia sofre a influência de diversos estímulos, como claridade e barulhos.

Sabemos hoje que pessoas com problemas para dormir estão na lista dos que têm mais chances de desenvolver problemas no coração. Isso porque durante o sono, o ritmo cardíaco e a pressão arterial diminuem e fazem com que o organismo fique num estado de compensação de energia. O corpo de quem dorme pouco e mal não faz essa pausa.

Uma noite (ou dia, nesses casos) mal ou não dormida pode gerar cansaço, mau humor, estresse e irritabilidade, além da elevação da pressão arterial e até estimulo a obesidade, aumentando assim o trabalho do coração e a possibilidade de aparecimento de doenças cardíacas.

5. Desemprego

Quem está sem trabalho também pode ter como consequência os problemas cardíacos. A razão? O desemprego gera estresse, insegurança, ansiedade e sensação de incompetência. Além disso, a ameaça de desequilíbrio financeiro pode levar o indivíduo à tristeza, e caso isso se agrave, a uma depressão.

Estudo publicado na revista Archives of Internal Medicine aponta que pessoas desempregadas por muito tempo têm o dobro de risco de desenvolver doenças mentais e altas chances de ter ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC). Perder o emprego aumenta ainda o risco de uma pessoa sofrer um infarto.

O levantamento ainda revelou que quando isso acontece muitas vezes com a mesma pessoa, a chance de um ataque cardíaco chega a ser a mesma de um fumante.

6. Descuidar das emoções

Síndrome do coração partido, cardiomiopatia de Takotsubo ou ainda cardiomiopatia induzida por estresse. Esses são os nomes pelos quais é conhecida uma alteração no coração desencadeada por situações de estresse agudo emocional ou físico, seja o fim de um relacionamento, a morte de uma pessoa querida, o diagnóstico de uma doença grave, a perda de uma grande quantia de dinheiro, um acidente com graves consequências, entre outros.

A síndrome do coração partido é um descompasso temporário no funcionamento do coração que ocorre em situações que despertam forte emoção e provocam aumento na produção de adrenalina e de outros hormônios do estresse. Essa descarga emocional na corrente sanguínea gera um estreitamento temporário nas artérias e interfere no funcionamento do músculo cardíaco. Como consequência, o organismo pode produzir sintomas similares aos de um infarto.

Por isso, reforço a importância de prestarmos atenção em como estamos cuidando de nós. Ouvir os sinais do nosso corpo, avaliar o ambiente em que estamos vivendo e procurar sair do modo automático por alguns momentos pode nos garantir mais qualidade de vida e saúde. Seu coração agradece!

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