Você sabia que o coração é o primeiro órgão que se forma no corpo humano?
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Ele está aí, te acompanhando desde o início de sua vida. Sem folga, sem descanso, cumprindo seu papel dia após dia. De repente você nota sua presença: um susto, uma surpresa, um exercício mais forte, uma alteração no seu funcionamento, e suas batidas aceleram, descompassam, ficam mais fortes.
Exceto em situações assim, a verdade é que o coração passa quase que despercebido para a maioria de nós durante grande parte do tempo. No entanto, ele é um dos órgãos mais importantes do nosso metabolismo. É base do funcionamento do sistema circulatório dos seres humanos, ou seja, quem cuida do bombeamento do sangue pelo corpo todo. Trata-se de um órgão muscular que fica localizado no meio do peito e tem cerca de 400 gramas de massa (em um adulto).
Para se ter ideia de sua importância, o coração é o primeiro órgão que irá se desenvolver durante a gestação. Isso porque o sistema cardiovascular é essencial para oferecer nutrientes e oxigênio para o embrião em desenvolvimento e para eliminação de dióxido de carbono e restos metabólicos.
Seu processo de formação é minucioso, repleto de detalhes e etapas, tudo a seu ritmo, como numa orquestra bem afinada.
Como tudo começa
Logo nas primeiras semanas de desenvolvimento do embrião o coração já começa a se formar, a partir do acúmulo de células chamadas mesenquimais.
Até pouco tempo acreditávamos que depois do 21º dia de gestação o coração tinha suas primeiras batidas. No entanto, pesquisas recentes revelaram que isso pode ocorrer ainda mais cedo: o coraçãozinho do bebê pode bater pela primeira vez já aos 16 dias de gravidez. Porém, em geral, só é possível ouvir essas batidas a partir da 5ª semana de gestação com um ultrassom ultravaginal (dependendo da sensibilidade do aparelho) ou até mais para frente, com a utilização de outros recursos.
A descoberta é de extrema importância para o correto acompanhamento do desenvolvimento do órgão e a prevenção de problemas no coração do bebê. Além disso, o entendimento da sua formação é imprescindível para que possamos compreender a origem das doenças cardíacas congênitas e até das adquiridas.
Tudo no tempo certo
No início de seu desenvolvimento, o futuro coração é um simples tubo, o tubo cardíaco. No entanto, em função de seu posicionamento entre outras estruturas, esse coração tubular se alonga e sofre dilatações devido ao crescimento diferenciado de algumas de suas regiões. Surgem assim o tronco arterial, bulbo cardíaco, ventrículo primitivo, átrio primitivo e seio venoso.
Na etapa seguinte ocorre o revestimento interno por uma estrutura chamada de endocárdio, envolvido pelo miocárdio, com a formação de um ventrículo único seguido da alça cardíaca, fazendo com que o coração assuma um formato semelhante a um S. Com o crescimento do bulbo cardíaco e do ventrículo primitivo ocorre a formação da alça bulboventricular em forma de U e o seio venoso recebe os vasos do cordão umbilical.
Entre a metade da quarta semana e o final da quinta semana de desenvolvimento do feto ocorre a septação do coração primitivo, isto é, a septação do canal atrioventricular, dividindo canal direito e esquerdo e separando o átrio do ventrículo.
No final da quarta semana de vida intrauterina ocorre ainda a septação do átrio primitivo, separando átrio direito e esquerdo. Neste mesmo período ocorre a incorporação das chamadas veias cavas ao átrio direito e a formação do seio venoso. Do lado esquerdo ocorrerá a formação das quatro veias pulmonares.
É no final da 7ª semana que ocorre a septação do ventrículo primitivo, criando o ventrículo direito, que dará origem a artéria pulmonar, e o ventrículo esquerdo, de onde sairá a aorta.
Completando a formação do coração, ocorrerá o desenvolvimento das valvas cardíacas aórtica e pulmonar e as valvas atrioventriculares mitral (a esquerda) e tricúspide (a direita). Há também nos corações dos fetos uma conexão entre a aorta e a artéria pulmonar, chamado de canal arterial, que deverá se fechar após o nascimento.
Pronto para a vida adulta
O coração fetal então ficará com a seguinte conformação anatômica: átrio direito e esquerdo, ventrículo direito e esquerdo, quatro valvas cardíacas (aórtica, pulmonar, mitral e tricúspide), duas veias cavas (superior e inferior) e quatro veias pulmonares, e dele sairão 2 artérias (aorta e pulmonar).
Assim, o período fetal é etapa a mais rica em transformações para o coração. No nascimento, o órgão no bebê já está com a configuração anatômica do coração de um adulto, com dimensões menores, mas pronto para iniciar sua adaptação às várias etapas do crescimento humano.
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