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Paulo Chaccur

Entenda como um pré-natal completo pode salvar a vida do seu bebê

Pré-natal é importante até mesmo para a saúde do coração do bebê - iStock
Pré-natal é importante até mesmo para a saúde do coração do bebê Imagem: iStock

Colunista do UOL

20/01/2019 04h00

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Sabemos que os cuidados com um bebê devem ter início no momento em que a gravidez é confirmada. A partir daí, consultas médicas regulares são indispensáveis para a saúde da mãe e da criança. Mas e do ponto de vista cardiológico, você sabe qual a importância de um pré-natal completo? 

Os avanços da medicina nos permitem hoje realizar uma avaliação cardiológica da criança ainda durante a gestação. E ainda mais importante: conseguimos diagnosticar precocemente e até iniciar o tratamento de problemas no coração antes mesmo do nascimento.
Com esses recursos, é possível reunir uma série de informações sobre o coração do bebê, permitindo chegar ao diagnóstico das chamadas cardiopatias congênitas, ou seja, uma alteração ou malformação da estrutura cardíaca durante o desenvolvimento do feto. 

Esses problemas ocasionados por defeitos anatômicos do coração ou dos grandes vasos associados podem gerar uma anormalidade na função cardíaca, alterações do fluxo sanguíneo e influenciar até o desenvolvimento estrutural e funcional do sistema circulatório e respiratório, além de consequências mais graves que comprometam até a vida do paciente.

Casos no Brasil

Para se ter ideia do risco, cerca de 2% dos bebês nascidos no Brasil são portadores de malformações congênitas, sendo as cardiopatias as mais frequentes e graves. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cada mil bebês que nascem, dez apresentam alguma cardiopatia congênita. 50% delas podem gerar sintomas durante a gestação ou imediatamente após o nascimento. 

A estimativa é que cerca de 30 mil bebês nasçam por ano com esse tipo de problema no país, que é considerado uma das principais causas de óbitos relacionadas a malformações congênitas. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoce são de extrema importância.
Quanto mais cedo, melhor! 

Acompanhamos muitas histórias de pessoas que descobriram uma cardiopatia após anos de vida. No entanto, hoje, com a possibilidade de intervenções ainda na vida fetal, conseguimos minimizar riscos, oferecer mais qualidade de vida e evitar que esse paciente venha sofrer consequências mais graves com a descoberta tardia do problema. 

Quando o diagnóstico é feito na gestação, podemos fazer uma intervenção ainda no útero para melhorar o prognóstico da doença, dependendo da gravidade. Não é possível curar a cardiopatia com o tratamento intrauterino, mas conseguimos melhorar muito as condições do coração, permitindo uma evolução mais favorável antes e depois do parto.

Caso seja possível aguardar, após o nascimento, o bebê pode ser submetido a uma cirurgia ou tratamento logo nas primeiras horas ou dias de vida. E com o diagnóstico precoce, podemos já ter tudo programado, como local ideal de nascimento, a idade gestacional e via de parto apropriada.

Transplantes, uma fila que parece não ter fim

Quando pensamos no caso dos transplantes, a urgência pode ser ainda maior. Tem cardiopatias muito graves, sem perspectiva de correção, que necessitam de um transplante de coração. Hoje, as dificuldades em encontrar um doador e a grande fila de espera ainda são uma realidade, e quando falamos de um doador de 3 Kg a 5 kg a busca pode ser ainda mais complicada.

Por isso, a possibilidade de minimizar o problema através de intervenção com a criança ainda no útero passa a ter ainda mais relevância. Bebês que antigamente eram considerados casos que deveriam ir para transplante, atualmente conseguem fazer outros tratamentos por conta da evolução dos diagnósticos precoces e cirurgias cardíacas no momento de formação ou nos primeiros dias de vida.

Heranças genéticas e histórico familiar

Um dos fatores de risco para a cardiopatia congênita é a herança genética. Além da família, pais portadores de cardiopatias congênitas têm duas vezes mais chances de gerar um bebê cardiopata. O mesmo ocorre quando o casal já gerou um bebê com malformação no coração. Nesses casos, acompanhamento médico e exames pré-natais são fundamentais.

O uso de medicamentos e drogas, doenças maternas, como o diabetes, rubéola, toxoplasmose e outras infecções durante a o período gestacional também podem interferir na formação do coração, que ocorre nas primeiras oito semanas de gravidez.

Outro fator está relacionado à idade da gestante, muito jovem ou com mais de 40 anos. Entretanto, é fundamental lembrar que mais de 90% das malformações cardíacas ocorrem em fetos sem qualquer indicador de risco.

E que exames realizar?

O ultrassom morfológico, realizado no 1º ou 2º trimestre de gestação, é um recurso que pode nos informar da possibilidade de alterações congênitas no coração do feto. Se alguma alteração for detectada, a gestante é encaminhada ao cardiologista fetal.

Para conseguir mais detalhes, é feito então um ecocardiograma fetal (ou ecofetal), uma espécie de ultrassom, que consegue fazer o rastreamento da má formação e permite uma avaliação minuciosa de anormalidades estruturais e da função cardíaca.  

Com o recurso, o especialista consegue detectar possíveis problemas entre as várias possibilidades de cardiopatias congênitas, como uma estenose aórtica grave, Tetralogia de Fallot, Transposição das Grandes Artérias, Comunicação Interatrial, Comunicação Interventricular e Defeito do Septo atrioventricular.

A partir daí, após o diagnóstico, a recomendação é que a gestante procure um centro especializado em cardiopatias congênitas, onde será realizado o parto e o bebê pode ser prontamente atendido por especialistas. Em grande parte dos casos, o fato da alteração ser detectada e tratada precocemente aumenta as chances de sobrevida da criança em 80%.

Cuidados durante a gestação

Por isso é tão importante o acompanhamento e a realização de todos os exames durante a gestação. Segundo o Ministério da Saúde, são recomendadas no mínimo 6 consultas de pré-natal durante toda a fase gestacional. Essas consultas devem ser iniciadas até a 12ª semana. No caso dos exames do coração, aconselho que a gestante faça com cerca de 20 a 24 semanas, quando o feto já está mais formado. É importante reforçar: o ecofetal não possui nenhuma contraindicação.

Recomendo que antes de engravidar, no caso de uma gravidez planejada, a mulher procure um médico para uma avaliação. Assim, é possível checar seu estado de saúde, fazer suplementações se necessário e acompanhar de perto no caso de doenças de risco, como diabetes, colesterol ruim e pressão alta. Não há como prevenir uma cardiopatia congênita, no entanto algumas mudanças comportamentais e cuidados com saúde e alimentação podem ajudar para o bom desenvolvimento do bebê.

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