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Paulo Chaccur

Cuidado: dormir por muitas horas está relacionado a problemas no coração

Dormir mais de oito horas pode sinalizar má qualidade do sono - iStock
Dormir mais de oito horas pode sinalizar má qualidade do sono Imagem: iStock

Colunista do UOL

13/01/2019 04h00

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Quem não gosta de relaxar e aproveitar uma boa noite de sono? Isso é de fato vital para saúde, inclusive a do seu coração. No entanto, a ideia de que equilíbrio é tudo se aplica até à quantidade de horas na cama.

Alguns estudos realizados por pesquisadores de vários países apontam que dormir mais de oito horas por dia pode estar relacionado com o desenvolvimento de doenças cardíacas e a morte prematura. Isso não quer dizer que dormir demais vai levar você a morte, mas é bom ficar atento, já que dormir tanto pode sinalizar que seu sono não tem sido de qualidade. Esses levantamentos vêm sendo realizados há anos e constantemente uma nova pesquisa sobre o tema é divulgada nos veículos especializados.

Os estudos, de modo geral, comparam um grupo de pessoas que dormem por mais de 8 horas e outro com quem dorme entre 6 a 8 horas e que não apresentam problemas cardiovasculares. Após um período longo de observação --na maioria dos casos mais de 10 anos -- eles identificaram índices maiores desses eventos no grupo que dormia por mais de 8 horas.

Os trabalhos relatam tanto aumento de infarto do miocárdio como do acidente vascular cerebral (AVC) para as pessoas que necessitam de um período de sono de 8 a 10 horas devido a noites mal dormidas (sono fragmentado).

Você deve estar se perguntando, mas porque isso ocorre? 

O ponto de partida para esses resultados é avaliar a qualidade do sono e não efetivamente o excesso de horas na cama. Ou seja, não são as mais de 8 horas dormindo que poderá levar uma pessoa a ter problemas cardíacos, e sim a qualidade desse sono.

Durante o sono há diminuição nos batimentos cardíacos e redução da pressão arterial, situações protetoras ao coração. Em casos de pouco sono profundo ou fragmentado poderá ocorrer um aumento da pressão arterial, do estresse e até estímulo a obesidade, amplificando o trabalho do coração e a possibilidade de aparecimento da doença coronária, por exemplo. 

A redução do ritmo cardíaco faz com que o organismo fique num estado de compensação de energia. O corpo de quem dorme mal não faz essa pausa, estando assim mais propenso aos problemas cardíacos. Uma noite mal dormida traz ainda cansaço, estresse e irritabilidade, fazendo a liberação de cortisol, hormônio que age no controle da pressão arterial.

A apneia, distúrbio respiratório que acontece ao dormir, representa um dos maiores inimigos da boa qualidade do sono e também está relacionada ao aumento de riscos cardiovasculares. Além de interromper o sono, a apneia pode prejudicar a oxigenação do sangue e liberar substâncias que fazem vasoconstrição, elevando os níveis da pressão sanguínea.

Pessoas com apneia frequentemente se queixam de sono não reparador. Essa situação de estresse crônico pode se manifestar no corpo causando doenças graves, como as que atingem o sistema cardiovascular.

Durante o sono, o organismo produz ainda dois hormônios relacionados ao controle da saciedade e gasto de energia, a leptina e a grelina. Quando isso não ocorre pela noite mal dormida, a probabilidade é de maior ingestão de alimentos na manhã seguinte. 

Outro ponto importante é sobre a perda de gordura corporal, que é maior nos indivíduos que dormem de seis a oito horas por dia em comparação aos que dormem pouco ou que tem o sono fragmentado

Estresse até de madrugada!

Há ainda a questão do estresse noturno. Pessoas que possuem fatores de risco para a doença arterial coronária podem ter seu agravamento devido ao estresse de uma noite mal dormida, como também a elevação dos níveis da pressão sanguínea, colocando em risco o coração com o possível aparecimento de isquemia miocárdica, que terá como consequência a dor torácica (angina) ou infarto do miocárdio. 

Além disso, os mesmos hormônios que alteram as artérias coronárias também poderão alterar as artérias carótidas e vertebrais, assim como as artérias intracranianas, podendo desencadear o acidente vascular cerebral. 

Vale reforçar que esse estresse noturno tem o mesmo valor que aquele que nos acomete no dia a dia, com liberação de substâncias que ativam a inflamação, a vasoconstrição, obesidade e diabetes.

Sinal de alerta

Portanto, sono em excesso pode ser um sinal de alerta de noites mal dormidas e a falta do descanso que nosso corpo tanto merece. Mas fica a ressalva: o risco cardiovascular acontece quando isso ocorre de forma continuada e não esporadicamente - ou seja, aqueles dias de preguiça na cama aos finais de semana não trazem riscos à saúde do seu coração.

Se você está tendo frequentemente dificuldades ao dormir procure fazer uma consulta com um cardiologista para avaliação clínica e exames específicos, como o Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial de 24 horas (MAPA) e o estudo de polissonografia.
Se pensarmos em prevenção e em poupar o coração de quem já luta contra alguma doença cardíaca crônica, é fato que o sono adequado é fundamental. 

Dormir bem é um ótimo remédio para o coração, tão importante quanto os cuidados com a dieta alimentar e a prática de exercícios físicos. Mas lembre-se, com moderação: nem muito nem pouco, o período ideal de sono é de 6 a 8 horas.

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